26 março 2013

MARACANAGEM - SONETO REFORMA ACRÓSTICA

REFORMA ACRÓSTICA
Do acervo do prof.C.R.Brandão

Por Marco A. de Araújo Bueno

                                                           [Acróstico aos que pela Maracanã são, desde sexta-22/3/13]

R ebenta o sol na terra adormecida
E nquanto ainda dormem seus senhores;
F ingindo-se de homem pela vida
O mite a dor num manto de labores.

R asteja-se no campo qual ferida
(M ais há no campo a cana do que flores)
A té que chegue a hora da comida,
A guada e fria em perda de sabores.

G raceja e canta, pois que a vida é linda,
R ogando aos céus apenas por saúde
Até que a morte o venha, enfim, colher...

R etoma a sua cruz num gesto rude,
I nerte, pois que desconhece ainda
A hora em que nem saberá comer.


24 março 2013

SOBRE CARLOS ZÉFIRO - SALVE O OUTONO!


Carlos Zéfiro na ZÉFIRO- REVISTINHA DE SACANAGEM  1, de 1983



Em 1983 com a redemocratização o Brasil voltou a ter contato com a obra de Carlos Zéfiro. O Ota, editor da Mad, escreveu um ótimo livro sobre o Zéfiro. Joaquim Marinho de Manaus também organizou uma antologia de suas historinhas, pela Marco Zero, e O Pasquim também reviveu o assunto. Tentou descobrir em 1983 quem era o autor que se escondia atrás de pseudônimo. Não conseguiu, a Playboy iria faze-lo através de Moacy Cirne alguns anos depois. O jornal do Sig editou uma revistinha, que pretendia ser periódica mas ficou apenas no numero um, reunindo intelectuais, cartunistas e humoristas em geral versando sobre o tema erotismo. Infelizmente ela ficou apenas no número um. Trazia como brinde um catecismo do Zéfiro com a historinha Estupro!. No miolo também como brinde um poster do Sig, mascote do jornal, totalmente nu e com o membro sexual  à mostra.







23 março 2013

NOTÍCIA VENCIDA DO PRÊMIO ACRÍSIO DE CAMARGO


Em 2012 o concurso recebeu 80 inscrições, sendo 30 poesias, 25 contos e 25 crônicas. Os prêmios serão de R$ 2.000,00 para primeiro lugar, R$ 1.500,00 para segundo lugar e R$ 600,00 para o terceiro lugar de cada modalidade, sendo que os textos classificados em primeiro serão também publicados pelo site do jornal Tribuna de Indaiá, que apóia a iniciativa. Os trabalhos foram julgados por comissão composta pelos escritores Claudio Guilherme Alves Salla, Emerson Sitta e Marco Antônio de Araújo Bueno.

21 março 2013

GIZES



Gizes



Demoro-me em minhas próprias palavras, passo por elas, apago, permaneço, rearranjo, descanso. Instantes e pessoas que estão em mim e me inscrevem, escrevem, expectoram. Sinto em minha pele esses efeitos, à flor da pele. Já não sei e nem quero saber do que me lembro e esqueço, fato e ficção criados por mim mesma. Tudo mistura-se numa indiscernibilidade que convém ao agora.

Cheiro de canela, gosto de amora, não os sinto, apenas desperto-os pela poesia. O suspiro que encaracola sua doçura e chama um devaneio. A trama tecida pela aranha em sua teia, aquela outra toda açucarada enfeitando e dourando o doce e essa feita de palavras que estão embaralhadas em meu corpo.

O pássaro que leva e traz lembranças, voa espalhando o que não aconteceu, rememorando um futuro incerto. Os tempos fazem-se pelo pensamento, as pessoas fazem-se pelos encontros. E nessa versão, o amor e a vida são um desenho de giz no quadro negro já todo manchado desse mesmo giz – nítido e esfumaçado que embriagam, dilaceram e continuam a ser queridos.




20 março 2013

SIM ?


 Sim ?

Por Gerson Ventura


e se eu me apaixonasse 
por você no momento em 
que você me encarasse
com olhos cheios de lua cheia
e dissesse tudo que penso
no meio de uma bebedeira
e dançasse contigo enquanto
tentasse roubar um beijo
ou sorriso ou até mesmo
um abraço e um afago e
sem medo de te assustar
te dissesse tudo que penso
e você mesmo assim quisesse 
ficar mais perto de mim
e se eu te chamasse
ao cinema mas meus olhos 
nunca se fixassem
na tela porque preferem
a janela dos teus a me refletir
ou minha boca que só cala
na tua
e se eu escrevesse um poema
que mais parecesse uma carta
de tarot ou um às na manga
pra ganhar outro beijo daqueles
e de repente mais que de súbito
você se rendesse e me dissesse
sim?

19 março 2013

CAIPIRA DE FATO

                                          Divã da Vergasse,19 - "Tão deita, sô"

Caipira de fato

Por Vitor Queiroz

Por Vítor Queiroz

Sou um malandro da Ribeira
e as água do Paraguaçu
até as vista me atrapáia
quando cai do chuveiro
e sobe o cano da descarga.

Sou o mulato temido, Jacaré
famanado de língua enfeitada
e lágrima que desce ferindo
a dureza do couro sintético
as macheza inútil da naváia.

Sou filho de pai sem mãe
sem eira nem beira, sem pó
nem rabiola e quando desata
a chover, quando as parabólica
de minha aldeia finalmente

Arrebenta pego na viola sonsa,
que nunca gemeu direito,
que não é mais farrista e choro
das mágoa as mais rampeira,
e choro as mentira verdadeira

Na frente do psicanalista:
Sou um malandro da Ribeira...


16 março 2013

ESTAÇÃO

                                                          Por: Paola Benevides
train

No vagão do trem
ficou a vaga impressão 
de que perdeu a parada.




14 março 2013

SEMENTES



Por Marcelo Finholdt

Era um dia nublado e o passado passava
Entre o hoje e invadia o futuro dos dias
Mesmo assim poesia insistia, queria
Mais do dia, da Lua e do Sol que dourava.

Era um dia insistente, um passado presente
Entre os dias assim: já sem cores, sem tom
Mesmo estranho e sem cor, sem sabor e sem som
Mais do antigo, do velho e do arcaico insistente.

Esse ranço, essa nódoa abraçava a poesia
Mesmo assim pegajosa agradava, enjoava,
Revirava, azedava, espumava, era azia.

Esse nojo, essa caca explodia e rimava
Mesmo assim melecava e lustrava; fedia,
Ressecava, sumia e outro mundo gerava.   

11 março 2013

VOCARE






Vocare







Por Marco A. de Araújo Bueno /Desenho por Felipe Stefani



A bunda murcha,

A calça caída;

O cinza estampado

O tecido esgarçado

No despojamento vigia.

Um celular rolha

Pende do bolso

(Trinado eletroacústico).

Alguém chama:

“Onde você está?”

A questão é pertinente

Mas já não pertence a ninguém.




09 março 2013

Tatá - NOSSO COLUNISTA EMERÍTO!

                                                                            Tatá

D"Os Arquivos Incríveis de João Antônio", via Rafael Noris


 O jornalista e escritor Eustáquio Gomes, ex-coordenador da Assessoria de Comunicação e Imprensa (Ascom) da Unicamp, recebeu em 14 de dezembro o título de Servidor Emérito da Universidade. A cerimônia, presidida pelo reitor Fernando Ferreira Costa, foi realizada na residência do homenageado, em Campinas, na presença de familiares e amigos. Durante a solenidade, Fernando Costa destacou a valiosa contribuição dada por Eustáquio Gomes ao longo da sua trajetória profissional na Unicamp, iniciada em 1982. “É uma justa e merecida homenagem a um dos servidores mais dedicados e comprometidos com a Unicamp”, afirmou o reitor.

A proposta de concessão do título de Servidor Emérito a Eustáquio Gomes foi apresentada pelo próprio Fernando Costa ao Conselho Universitário (Consu), órgão máximo deliberativo da Unicamp, que a aprovou por unanimidade no dia 29 de novembro de 2011. Na oportunidade, diversos conselheiros manifestaram verbalmente apoio à iniciativa. Antes do ex-coordenador da Ascom, somente outros dois funcionários foram contemplados com a mesma láurea: a ex-secretária geral da Universidade, Arlinda Rocha Camargo, e o coordenador da Diretoria Acadêmica (DAC), Antonio Faggiani.

De acordo com Fernando Costa, Eustáquio Gomes sempre soube aliar, no exercício de suas atividades, uma admirável capacidade intelectual ao espírito de serviço, com plena fidelidade à instituição. “Bastariam estas qualidades para credenciá-lo à homenagem, mas destaco, ainda, a integridade, a dedicação e a honestidade como características marcantes de sua personalidade, que extrapolaram, em muito, as tarefas a que estava diretamente ligado na área de comunicação”, completou o reitor.

Segundo Leandro Gomes, filho de Eustáquio, a oportunidade de ter contribuído para o engrandecimento da Unicamp, na condição de coordenador de imprensa, é motivo de muito orgulho e satisfação pessoal para seu pai. “É notória sua admiração pela Unicamp e pelas pessoas que a integram. Ele sempre ressalta o quanto aprendeu com a diversidade de ideias e conhecimentos que circulam no meio universitário e com os quais teve contato ao longo dos anos. Este reconhecimento por parte da instituição à qual consagrou parte significativa da sua vida é uma grande honra para meu pai e nossa família, coroando uma carreira dedicada à divulgação da Universidade e do conhecimento nela produzido”, declarou.

Eustáquio Gomes, que atualmente se recupera de um problema de saúde, implantou e organizou a Ascom na gestão do então reitor José Aristodemo Pinotti. O órgão, comandado por ele de março de 1982 a setembro deste ano, é responsável pela interface entre a Unicamp e a mídia externa. Também responde pela publicação do Jornal da Unicamp  e pela produção de conteúdo noticioso para o Portal da Unicamp. O jornalista e escritor nasceu no povoado de Campo Alegre, no oeste de Minas Gerais, em 1952. Filho de lavradores, contou com a ajuda de amigos para realizar seus primeiros estudos, inicialmente na cidade de Luz (MG) e depois em Assis (SP).

Posteriormente, bacharelou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Mais tarde, tornou-se mestre em Letras pela Unicamp. Sua dissertação teve como tema os modernistas de província. Como jornalista, trabalhou em jornais do interior, principalmente nos diários de Campinas. Atuou, ainda, nas áreas de comunicação das empresas Bosch do Brasil e White Martins. Como colaborador regular do campineiro Correio Popular, publicou cerca de 800 crônicas, além de reportagens especiais, entrevistas culturais e outros textos.
Apesar da importante produção jornalística, Eustáquio Gomes escreveu certa vez em uma crônica, intitulada A harpa e o beijo: “Apesar de tudo nunca fui um grande repórter, talvez nem mesmo um bom repórter. Era dado a divagações e contemplações, esquecia o principal e preferia os temas leves”. Via-se muito mais como escritor, e não por acaso.
Seus primeiros escritos, no formato de crônicas, datam ainda da infância. E foi na condição de escritor que produziu obras de destaque, como o romance A Febre Amorosa, de 1994, possivelmente o seu livro mais conhecido, adaptado posteriormente para o teatro em 1996 e traduzido para o russo em 2005. Ao todo, Eustáquio Gomes produziu 16 livros. Entre eles estão: Cavalo Inundado (poemas, 1975), Mulher que Virou Canoa (contos, 1978), Os Jogos de Junho (novela, 1982), Hemingway: sete encontros com o leão (ensaio biográfico, 1984), Jonas Blau (romance, 1986), Ensaios Mínimos (ensaios, 1988) e Os Rapazes d’a Onda e Outros Rapazes (ensaio, 1992).


06 março 2013

O GOSTO MAIS AMARGO

Por: Gerson Boaventura


confesso meus pecados a taxistas
no fim da madrugada
os poemas de amor mais bonitos que escrevi
acabaram esquecidos
no balcão do bar
escritos em guardanapos
com letras e rimas borradas
pela cachaça
derramada sobre a mesa
embriago-me
até que minha fala se perca
fique mais confusa
do que se possa compreender
afogo minha dignidade
mergulho meu coração em aguardente
para que ele chegue ao torpor
para que seja torpe e me traia
e só então ligo pra você
pra que assim você possa me perder
entre petiscos
eu imagino
como você mastigou meu coração
como eu prostituí minha poesia
como eu sabotei a mim mesmo
por ti
por ti
como uma declaração demente
em troca de um afago
e meia dose de mentiras
misturo paixões
como misturo bebidas
sem me importar com a ressaca
com o outro dia
com o que os outros pensam
ao inferno com tudo
o inferno do meu peito
onde as chamas do rancor
insistem em se levantar
das cinzas da solidão
queimando tudo
que a ele tenta alcançar
destruindo tudo que é bonito
violando tudo que é puro
escandalizando toda inocência
profanando tudo que for decente
sodomizando tudo que for verdadeiro
porque não basta o inferno
sem o inferno dos outros
se não basta o amor
que também não baste o ódio
e que não seja de momento
que seja eterno
enquanto dure
convido todos para minha mesa
bêbados, mendigos, putas, vagabundos
proponho um brinde à mediocridade
jogo cantadas cretinas pro ar
tiros cegos
sem esperar acertar
aceitando a sorte ou o azar
do que vier
tanto faz
se não for você
ou
contanto que não seja você
qualquer meia pessoa serve
meia alma, meia foda, meia vida
qualquer coisa que me complete
mais uma dose ou me acompanhe
no próximo brinde, na noite seguinte
na rua escura, nos becos da minha loucura
em copos de lágrimas diluídas em rum
eu quero que você se sirva
me beba, me trague, me engula
sem tira gosto e sem desculpas
me bebendo de um só gole
e cuspindo apenas verdades
puras e fortes e secas
piores que zinebra
quero ver aguentar meu enjôo e meu engasgo
quero ver você se embriagar de mim
se envenenar de mim até não suportar
até você morrer
ou o bar fechar

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