19 agosto 2013

Pequeno Conselho

Por Rafael Nascimento

Não toma o amor por coisa:
tesouro segredado na primeira infância
ponte a ligar duas criaturas prontas
lugarejo onde pecas sã.

Não toma o amor por tempo:
o que foi ontem calou de vez
o que será um dia não possui voz
e o que é não sabe sê-lo.

“Amor sublime selo”
que aos poucos se sedimenta em nós
e nos tira o sono de prazer e dúvida.
Peste sem raiz!
Gozo sem pele.

Não toma o amor como medida:
muito pouco
pequeno grande
findo infindo
a tudo lhe escapa o quantitativo
volta cega ao teu início.

Não toma o amor por esperança:
se fosse fácil não escreverias
se fosse impossível não terias filhos
e se fosse eterno não amarias. 



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