04 junho 2013

DOIS FRAGMENTOS NEOCLÁSSICOS

Por Vítor Queiroz 

I
IDÍLIO VIRGILIANO

Veja só, 
Aristeu, as cabras não trotam
Em paz? Beira d´água 
O arrozal não assoreou trevoso o leito tranquilo 
Do riacho firme?

Dorme, Aristeu, dorme logo 
Enquanto Amor não vem cá. 
Ele te roubará, Aristeu, 
Vinte cabeças do teu gado manso, 
Admirável.



II

ODE GRECO-SERTANEJA

Fiamos, a velha caduca
a femme fatale a psicanalista
e a puta na ponta do fuso,
na agulha da roca, nonada,
no gorgulho do feijão, debaixo
da escada o nó

escabroso, o caroço bruto
que imaginou um dia
a via láctea, a carreira de Tróia
e o polegar

opositor de todos
os mocinhos bonitos das fitas de faroeste,
do fino carpaccio das fábulas.

Fiamos, casamos
e descansamos tirando leite
de pedra, fazendo da mó e dos martelos
corações.



Um comentário:

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Belíssimos, caro, dum arrebatamento que se acomoda aos ouvidos às custas duma certa aposta na qualidade da substância do signo, que não decepciona. Mas assusta

Related Posts with Thumbnails