02 abril 2013

DA MORTE

Por Vítor Queiroz


toda a vil cobiça é abandonada,
e cadê a iluminação?

cadê a foto do primeiro Buda
no fundo do poço?

cadê o espelho do Buda
que salvou a aranha e sua teia a samambaia e o revólver?

o tédio o morro a taquicardia
os ventos uivantes e o óbvio ululante?

cadê o fundo do poço, aliás? 

uma das pedras musguentas
do tanque
perorava tentando encobrir o zumbido inquieto da libélula,
toda surda e transparente:

"- Vamos, não fique a vontade na casa
desse Buda!

Passe voando, criatura,
pelo deserto chamado "Aqui Não Mora Nenhum Buda"."

mas cadê a rã a pedra o musgo e a transparência
cadê o número um?
"Aqui Não Mora Nenhum Buda"

um a foto da primeira iluminação
uma cantiga
uma estação que favorece a instrospecção
e certo hermetismo
uma balada elizabetana
uma dor de dentes

cadê?
cadê?
cadê?
cadê?
cadê?
cadê?
cadê?
cadê?
cadê?

Um comentário:

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Delirança e delirança e esmaecimento.
Um meta tudo!Gosto muito, caro!

Related Posts with Thumbnails