26 janeiro 2013

ÍNDICES*


                                                                         Por: Paola Benevides
Rush hour II  by Caras Ionut
A agenda não age por você, anota uma ação para não esquecer.
A bússola não aponta um caminho certo, só ajuda na localização.
A mãe não cria um filho para si, o mundo fará parir o seu destino.
O carro não guiará sozinho, mas as viagens lhe trarão mobilidade.
O avião não decola por ser leve, suas asas que o sustentam no ar.
O amor não perde a direção, paixão é o pior cão de cego que há.
A calculadora faz suas somas, mas quem presta as contas é você.
A lavadoura só lavará roupas sujas se forem trocadas em miúdos.
A vida continua quando a morte deixa, questão de saúde e sorte.
O pente induz a eletricidade estática, não move um fio sem a mão.
O pênis só irriga até a cabeça se, erguida, não falhar seu coração.
O tempo assa carne, o pó da ampulheta salga o ser, bem passada.
A hora de viver já está programada, os ponteiros são duas pontes.
A travessia se dá entre abismo e monte, alcançará o que escolher.
A chegada será quando se der a partida ou ao se puxar o gatilho.


*Índice dentro da Semiótica é um signo indicador. É quando o significante remete ao significado tomando como base a experiência vivenciada pelo interpretador. Por exemplo, ao ver uma imagem de um carro sem a maçaneta, estando apenas um buraco no seu lugar, isto é um índice de uma tentativa de assalto. Mas isso só se torna evidente porque temos experiências anteriores com assaltos, seja através de experiências pessoais, seja por reportagens vistas no telejornal diário. Segundo Peirce o índice opera pela conexão de contigüidade de fato entre dois elementos.


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