01 janeiro 2013

COISAS DO GONÇALO (ESPECIAL)





“Quais são as situações em que determinados versos se tornam claros e inequívocos?

Isto é, poderemos nós dizer que, tal como há elementos químicos que só se formam sob determinadas condições atmosféricas, também existirão certos versos que só ganham sentido quando enquadrados numa determinada situação narrativa? O exemplo que anteriormente foi referido parece ir nesse sentido.


Poderá, assim, desenvolver-se a teoria de que o verso mais obscuro, mais inatingível, ou mais irracional passa  ser aceito com normalidade, no caso de o leitor colocar o verso no meio de um conjunto de frases que constituem uma história.


Assim, poderemos defender que cada verso é o fragmento de uma história que o poeta, ou por distração ou pelo instinto de ocultar, resolve apagar ou diluir. Um verso seria, assim, nesta história, o indício de uma história.


O problema, então, é eu alguns poetas obrigam os leitores a imaginar histórias complexas para compreenderem um pequeno verso.


A questão é: e se o leitor não gosta ou não possui habilidade para contar histórias?


Aqui ficaríamos num impasse. O leitor diria: este verso é absurdo, e o escritor diria: este leitor é imbecil…” (O Senhor Eliot e As conferências)



; Gonçalo Manoel Tavares com quem , alguns chaleiras tiveram a honra de privar em curso nesse 2012.)

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