16 agosto 2012

A MI ME GUSTA


A mi me gusta



Nada do que é você em mim se desfaz”. Tudo permanece em mim sem que nada aconteça. Amontoado de coisa nenhuma e todas as coisas que se enclausuram em mim por nada me pegar de assalto. Esse nada de você, que é também algo de você, fica, para que eu possa lembrar e esquecer. Lembrar subitamente quando a lembrança saltar aos meus olhos e esquecer, às vezes devagar para manter o gosto, às vezes rapidamente para deixar passar.

Pintei um arco-íris em meu pensamento ao lado daquilo que há de você em mim. Leveza e beleza que o arco-íris carrega consigo e espalha nesse lugar em que persiste sumindo. Aquelas cores todas juntas que incitam a contemplação. Encontro entre os raios do sol e as gotas de chuva desenhando no céu arcos coloridos. Sensação de uma mistura entre o esfalecimento e o intocável.

Esfalecimento que convive com aquilo que não se desfaz. Intocável íntimo ao completamente tangível. Fiz isso de propósito para sempre manter o paradoxo entre o que irá ou não esfalecer, desfazer, refazer, in-tocar, tanger, manter, apagar...

Assim, nada e tudo do que é você toca em mim com a mesma intensidade com que se desmancha. Atravessa me trazendo para mim e macula o que eu sou, o que você é, o que somos nós para nós mesmos.

Nada do que é você em mim se desfaz”. Tudo se refaz, inclusive eu e você.

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