Tilintares
Uma
corda perguntou a outra como era possível viverem tanto tempo juntas
sem nunca, nem ao menos uma vez, dizerem a mesma palavra? A outra
corda respondeu que não eram as palavras o material com o qual
faziam sua arte, sua vida. Os tons são o que entoavam essa melodiosa
forma de viver.
Uma
corda agora que soube dar nome aquilo que se transforma em seu verbo
– viver, artear, paralelar, ressoar, desprender, dispender … –
e quase como uma convocação, indagou novamente para outra:
comprometeremo-nos, pois, tonificar lado a lado?
Outra
corda respondeu: não são com-promessas que faremos nossos verbos
tornarem-se tons. Mas con-ação, com-posição e con-sideração que
entoaremos, mesmo que desafinadamente, as canções que embalam
nossos tilintares. Exatamente porque não temos um mesmo tom para
oferecer, com-binaremos os nossos e os que virem a posteriori, no
dedilhado movimento de nossas vidas.
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