07 junho 2012

TILINTARES


Tilintares



Uma corda perguntou a outra como era possível viverem tanto tempo juntas sem nunca, nem ao menos uma vez, dizerem a mesma palavra? A outra corda respondeu que não eram as palavras o material com o qual faziam sua arte, sua vida. Os tons são o que entoavam essa melodiosa forma de viver.

Uma corda agora que soube dar nome aquilo que se transforma em seu verbo – viver, artear, paralelar, ressoar, desprender, dispender … – e quase como uma convocação, indagou novamente para outra: comprometeremo-nos, pois, tonificar lado a lado?

Outra corda respondeu: não são com-promessas que faremos nossos verbos tornarem-se tons. Mas con-ação, com-posição e con-sideração que entoaremos, mesmo que desafinadamente, as canções que embalam nossos tilintares. Exatamente porque não temos um mesmo tom para oferecer, com-binaremos os nossos e os que virem a posteriori, no dedilhado movimento de nossas vidas.

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