17 março 2012

BIG BROTHER, INDOCRINAÇÃO E PROMISCUIDADE

Recentemente fui levado a ver a nova comédia romântica Guerra é Guerra, estrelando Reese Witherspoon, Chris Pine e Tom Hardy, e dirigido por algo com a insígnia MCG. (Fui pago e me deram pipoca grátis.) Há anos que não via esse tipo de filme e fiquei impressionado pela grande carga ideológica passada por sua história e personagens, além de como tudo fora empacotado para melhor treinar os cãezinhos que assistem esse tipo de filmes como lugar comum. O que temos aqui? A história de dois agentes do governo que conhecem a mesma mulher e usam seus poderes de espionagem para conquistá-la, e a mulher em si, que sai com ambos e fica em dúvida sobre qual o melhor. Ou seja, os heróis são dois agentes do governo que usam de alta tecnologia para espionar o cotidiano das pessoas e isso é colocado de forma banal e divertida. Sim, é uma invasão de privacidade, eles podem ver tudo que você faz, suas compras, locais que freqüenta, ideais, tudo que você fala, seja numa lanchonete, seja dentro da sua própria casa, é o Big Brother instaurado, e tudo oficialmente legalizado pelo governo do santo Obama, mas não há nada demais nisso, eles são bons, atraentes, você pode confiar neles! Eles precisam de tudo isso para enfrentar ameaças fantasmas contra o estilo de vida americano. Banalização da privacidade, banalização do poder dado a um governo que deveria servir, não controlar, e, por fim, banalização dos relacionamentos humanos. Pois, isso sobre tudo é uma comédia romântica, ou seja, para mulheres, e a protagonista sai com ambos os homens, e desenvolve com ambos fortes laços sentimentais, para no fim, de forma sem conseqüências, decidir com qual vai ficar. Tudo simples e banal. Não é como se toda relação humana produzisse memórias, ou a fortalecer, ou a construir conceitos, que compõe o que a pessoa é, e como se relaciona com as outras pessoas. Não é como se relações sexuais causassem a produção de hormônios que fortalecem a ação dessas memórias e ligações no dia-a-dia. Não é como se relacionar com ambos os homens fosse criar contradições nos conceitos da mulher, que seriam reforçadas pelos hormônios produzidos enquanto estava com cada um. Não é como se isso traria várias conseqüências que diminuiriam o valor e complicariam a relação com o qual escolhesse no final. Pois isso seria muito complicado e aa idéia é foder todo mundo e escolher o melhor. O próprio filme faz várias piadas criticando isso, mas depois banaliza. Como se tal promiscuidade deliberada não produzisse com o tempo uma dessensibilização para certos sentimentos, como se não criasse traumas, ou diminuísse o poder de certos prazeres. É o admirável mundo novo! E literalmente, leiam o livro, quem não leu! Não faça nada em desacordo com as normas do estado, estamos assistindo! Não busque formar ligações fortes e únicas com outras pessoas, seja solto, varie o máximo possível, ou você pode ser um terrorista!

Ps: Como demorei para atualiazar, aqui vai também o link para o último Orgasmo Audiovisual sobre O Artista e o Oscar!

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