28 fevereiro 2012

AS FÉRIAS DE SUETÔNIO BARBOSA #4






Góngora, una letrilla

Luís de Góngora, orixá bravio, voltou pra casa de bonde. O século XVII, aliás, abrira, apenas, os trapos de seu palanque – oh, arranque oh, madressilva oh, transbordo barroco de seu tanque.
Cuando cubra las montañas de blanca nieve el Enero. Fritou, cantarolando, um ovo no fogão elétrico, outra novidade aparatosa daqueles inventivos selvagens americanos – oh, Navajo escalpelado oh, Maranhão valente – saco de areia arrebentado à faca, maquiagem, babadón, rendês tenga yo lleno el brasero um rococó de sal, uma pitada de pimenta de bellotas y castañas.
Ándeme yo Caliente, o blockbuster da década de 80 do século passado vai começar daqui a pouco.

– Bora, adusta frigideira de encanecida ferrugem y gordura brilhante. Pipoque óleo no gibão de gitanos e marqueses. Don Luís abancado na cadeira de palo alto. Argote refestelado.
Cadê o controle remoto? hoje estoy contento. Ah, já começou, miércoles! Vou baixar daqui a pouco y quien las dulces patrañas del rey que rabió me cuente na flácida magreza de Dolores y ríase la gente.

Góngora, Sebastião Salgado feelings

Uluru Ayers Rock no quequé no umbandê no urubuquaquá no pinhém, tá vendo?
um fiorde de gelo na tranca do êrmo, um iceberg no oco do congelador e pouca, muito pouca sardinha na velha Brastemp de segunda.
Bagaço de laranja farinha rala, Dolores, a bolerona texana, abriu a geladeira – néris de pirão, nada, miércoles, nerusca de Enero – antes da gira.

Don Luís de Góngora – oh, Pretérito das Brenhas oh, Grota do Cravo oh, Sidney oh, Fagner oh, Anacoretas da Etiópia – na frente da tevê: Ándeme yo Caliente.
Pouca, muito pouca sardinha, y ríase la gente antes do toque rabioso, com nervio, do umbandê.

Góngora, otra letrilla

um charuto, as vezes, c´est apenas um charuto, meu caro. Don Luis de Góngora y Argote broxa, até Pelé broxa. Ceci n´est pas une pipe.

Góngora, orixá rococó, no lotação. Pode broxar. La más bella niña de nuestro lugar hoy viuda y sola y ayer por casar.
Griselda la más bella niña de nuestro lugar foi engolida por uma onça Dolores viuda y sola tomou uma cadeirada na cabeça Maria Amélia pinça hoy um pelo bravio cantarolando e amanhã pode ser vitimada, quiçá, pela borduna fortuita dum aborígene impertinente:

– ¿Quién no llorará aunque tenga el pecho como un pedernal, y no dará voces viendo marchitar los más verdes años de mi mocedad?

Macumba, pastiche

um aborígene australiano, Góngora, a vaqueirama dos boiadeiros, pretos velhos, Griselda, a onça e Maria Amélia – um rol invejável de entidades, não é?
Pé frouxo, os médiuns, cavalos de santo de cabelo eriçado – ou, talvez, os filhos daquele ultrapassado Ogum Bexiguento que num sábado à tarde baixou na delegacia do Sr. Mário de Andrade – ficaram de costas um pro outro, suando horrores no zungu.
Ombro no ombro.

Paticumbumparagundum, o tambor de Agola batendo ê uma toada dodecafônica, na Calunga ê, de Aruanda tocava assim.

Macumba, transcrição mediúnica

– Bob, o vampiro, tá de olho no seu pescoço branquelo, Sally. Não seja boba, hein? Dorothy Parker tá na roda.
Pois é, nem figurava no rol das entidades, but fazer o que? tá na roda. Baixou, toda bunitinha, no primeiro toque. Bob, the vampire.
Dolores, a bolerona texana, rezava baixinho pra ver se Góngora aparecia de vez loves Sally, the silly, but Dorothy´s here to stay.
– Pobre superstição balcânica, a entidade pediu uma xícara de chá. Papai Drácula não ensinou pra você que as bobas são ainda mais perigosas do que as sonsas, mizifio?



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