19 dezembro 2011

POETA QUE LADRA

por Guilherme Salla


Um poema me escapou
da coleira e mordeu
o carteiro.

Mas poeta,
onde está a focinheira
dos teus versos,
pensas que poema é borboleta?

Castra tuas estrofes,
mete uma antitetânica,
pois a raiva
é uma rima
que rosna espuma
nos cantos da boca.

Tranca este metro no canil,
sacrifica este poema
antes que ele ataque
o teu leitor.

Poema que late.




.

Um comentário:

Marco Antônio de Araújo Bueno disse...

Poemas que ladram não mordem; enquanto ladram.E Kafka sustentava que o bom escrito dever-nos-ia chegar como a notícia de morte de um ente querido. Parabéns, Guilherme!

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