28 junho 2011

INTERVALO COMERCIAL

por Vitor Queiroz


Balada Folclórica

Ivaporunduva, SP


Bojo de ferro. Roda a roda. Já tem farinha na capova. O mandiocal bravo. Roda a roda. Folha de flandres

um caneco, um vestido

e uma rosa

atrás da porta os cupim não frincha mais nada, atrás de madeira e ferro velho, a camisa do namorado branca alumia. Bojo de ombros e joelhos. O mandiocal bravo. Bananeiras na encosta a gente namorava em cima das folhas escuras da mandioca.

Roda a rosa na orelha roda o borco da canoa a mão espalmada um barco frouxo o remo flores à tona um grito no pé do ouvido um grito já tem farinha na capova.

Nada feito, apague o holofote. Nem camisa nenhuma namorada no mandiocal bravo nadie nerusca quéde o Ribeira ensolarado no brejal? néris nobody nenhum cadáver balseiro, nem remos presos no lodo pálido.

Antes da linha ai, bruta agulha que fura bolos e polegares, antes da sacanagem e do enredo solfas de ouro o Cupido gorjeará:



BALADA FOLCLÓRICA


Anjo barroco lenho fortefraco

tambú mexeriqueiro fecha

tudo rasga o pano vende troca

e aluga paixões, bochechas


de fino talhe, à granel. A glote

de um tubarão tire de um banjo

a sua angústia. Para o ano

volto pra cantar melhor, valei-me


Nossa Senhora, bendita Virgem

Santa das Sílabas Tortas. Ondas

e conchinhas partidas, volta já,

para o alvor da areia fina,


tartaruga amorosa. As tábuas

do palco rangem, batem os ferros na capova. Bojo de ferro. No capinzal nas folhas da mandioca brava. Beijos e abraços. Namorado canoeiro? nem cupim, nem pássaro rói o oco da noite fatídica. Quéde o peito arfante? o mato escondido a areia fina a curva de rio adonde barrento não vai ninguém


Rio Ribeira


quede, Nossa Senhora, a canoa virada? Rosaroda. No one, uma madrugada de rãs no pardacento lodaçal. Bate a farinha torra água no caneco. Anos atrás da porta, a cadeira ainda está num canto do quarto e na cadeira uma camisa rasgada na camisa uma mancha d´água e n´água uma rosa nobody a rosa.

Borco de canoa.


* * *


Rá! Glu glu. Broquei, Maria Amélia. Quebrei a cara dos bufos, a glote dos histriões fechei. Folhetim, Maria Anélia? [ .................17pt.] ahá, vai estourar a porra toda. No dia 12 de julho. Fogos, traques e pipocas.

Joseph Hart Vaudeville apresenta [ ................................ 32pt. ] o espetáculo vai feder a pólvora, aplausos e flores. No dia 12 de julho. Pode gastar a poupança toda, Maria Amélia, torrando ingresso pra família. Parente e aderente.

No dia 12 de julho.






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