20 novembro 2010

O AMOR POR WONG KAR-WAI


"O amor é uma questão de tempo. De nada adianta conhecer a pessoa certa cedo demais ou tarde demais. Se eu vivesse em outro tempo, em outro lugar, minha história talvez tivesse um final diferente."
Wong Kar-Wai, 2046

Wong Kar-Wai é um proeminente diretor autoral do cinema contemporâneo chinês. Em filmes como Dias Selvagens (Days of Being Wild, 1990),  Amores Expressos (Chungking Express, 1994),  Anjos Caídos, (Fallen Angels, 1995), Felizes Juntos (Happy Together, 1997), Amor à Flor da Pele (In the Mood for Love, 2000) e 2046 (id., 2004) se evidencia a personalidade de um artista capaz de combinar a admiração pela nova geração francesa com o cinema poético italiano dos anos 60 e 70. Num eterno estudo do amor, do desejo e da memória, e dos caminhos que esses sentimentos nos levam. Tanto como a fuga a possibilidade de um novo sofrimento nas mãos de alguém. Tanto a corrida para tentar reproduzir o que um dia se teve ao olhar profundamente para alguém com olhos que amam.

Tudo não passa de um eterno ciclo de esquecimento e reconhecimento do amor, com personagens que sempre estão ou esquecendo, ou se apaixonando por alguém. Sendo que os que se apaixonam, o fazem por quem está querendo esquecer. E todo esse ritual é representado por um ciclo de planos com músicas e cores, que no seu eterno retorno mostram a evolução desse sentimento, de como aquele que se apaixona é obrigado a esquecer, e obriga outros, que se apaixonaram por ele, a fazerem o mesmo. Um espaço banhado de influências ocidentais: músicas, lanchonetes, neons, filmes; transmutados para a realidade do diretor, de imigrante a construir uma casa longe de casa, sem realmente ter tido uma casa em primeiro lugar.  

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