19 outubro 2010

IMAGINAÇÃO DEPOIS DE UM BREVE ENCONTRO

Renata morde um pão de queijo e um pingado na padaria apreensiva pelo horário, não percebe que sua rotina seria impossível sem esses recorrentes atrasos.

Repara nos comentários enfadonhos de alguns clientes , deixa o pão de queijo de lado, pede um suco de laranja sem açúcar e com gelo. Quando é surpreendida por alguém que lhe sorri e pela intimidade demonstrada, se espanta:

-Sim, claro Léo!

-Renatinha!

Por um momento, ela se sente paralisada. Ele demonstra como sempre alguma coisa bastante profunda no olhar, segredos.

Sentar e conversar seriam coisas normais para dois velhos amigos, mas não para Renata e Léo. Afinal isso seria a declaração leviana de um amor inconfesso.

O encontro dura menos de um minuto, em que ambos não se permitem a troca de olhares, mas Léo arranca da bolsa um livro.

-É meu! Leia e me telefone dizendo o que achou.

Ela recebe o presente, admirada, pois para Renata isso sempre foi uma hipótese remota.

A conversa quase monossilábica termina assim. E cada um percorre seu caminho, mas isso não é tudo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Essa vagueza de Renata...,retirado do contexto, uma peça perfeitamente adaptável ao teatro Nô.

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